Centro de Memória ferroviária Sebastião Pires Furiatti, o trem e a Lapa

A Lapa, nossa amada cidade, surgiu do Caminho das Tropas nos anos 1700, transformando-se no entreposto conhecido como a “feirinha de Sorocaba”. Esse período deu origem à riqueza que construiu o centro histórico que hoje nos orgulha e precisa ser preservado. A história não aconteceu ao acaso; ela foi moldada por figuras como David dos Santos Pacheco, Barão dos Campos Gerais, e João da Silva Machado, Barão de Antonina, que ocuparam o cargo de camaristas, antecessores aos vereadores atuais.

O Impacto da Ferrovia na Lapa:

O ano de 1891 marcou um salto significativo para a Lapa quando o trem chegou pela primeira vez à nossa cidade. A ferrovia Curitiba-Lapa, com seus 85 quilômetros, foi um dos primeiros ramais da Estrada de Ferro do Paraná, ligando o segundo planalto ao porto de Paranaguá. Essa conquista visava principalmente a exportação de madeira e erva-mate da região, antes transportada por mulas. A Estação antiga, testemunha de um episódio sangrento e aguerrido durante a resistência de 1894, foi substituída pela Estação Nova, que se tornou a porta de entrada para pessoas, histórias e mercadorias.

A Estação Nova e Seu Papel no Desenvolvimento Turístico:

Nos anos 1980, durante a administração do Prefeito Dr. Wilson Moreira Montenegro, a Estação Nova revelou-se o berço do primeiro projeto de turismo férreo do Brasil entre Paraná e Santa Catarina. Marcio Assad, na época um jovem visionário, lançou o projeto no Congresso Brasileiro de Agentes de Viagem em 1986. A Lapa foi apresentada ao Brasil, tornando-se conhecida por sua cultura e turismo em matérias veiculadas em redes de televisão, revistas, jornais e rádios. O lançamento do Passeio Curitiba-Lapa-Curitiba, com a Maria Fumaça, ampliou ainda mais a visibilidade internacional.

Desafios após a Privatização da Rede Ferroviária Federal:

Infelizmente, com a privatização, a estação foi fechada e abandonada. Testemunhamos episódios de vandalismo, destruição de móveis e documentos, além de um trágico crime no local. Por intervenção de Marcio Assad, a estação foi tombada como patrimônio histórico, recuperada emergencialmente pela concessionária e cedida à escola cooperativa. A Maria Fumaça retornou por um período, mas o ciclo de abandono parecia inevitável.

Restauração e Criação do Centro de Memória Ferroviária:

Na gestão do prefeito Paulo Furiati, em conjunto com uma comissão de vereadores, Marcio Assad apresentou uma proposta bem-sucedida à ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) para trens eventuais, beneficiando não apenas a Lapa, mas todo o Sul do Brasil. O Centro de Memória Ferroviária foi então criado, servindo de modelo para outros no Paraná e no Brasil.

O Abandono Atual e Um Grito de Denúncia:

No entanto, a atual gestão, contrariando a trajetória de sucesso, abandonou o Centro de Memória, desrespeitando a história, a memória e as famílias ferroviárias que contribuíram para o desenvolvimento da Lapa. Hoje, celebramos a data que marca o nascimento da ferrovia em nossa cidade, mas também denunciamos o abandono de um importante equipamento cultural e turístico.

Homenagem e Repúdio:

Nossa homenagem às ferrovias, aos ferroviários e suas famílias é sincera. No entanto, repudiamos veementemente os responsáveis pelo abandono do Centro de Memória. Este espaço representa muito mais do que tijolos e estruturas; é o guardião de nossa história, e permitir que se deteriore é negar nossa identidade e legado.

Que este seja um chamado à ação, à preservação e à justiça histórica. A Lapa merece respeito, e nossa memória merece ser preservada para as futuras gerações.

 

 

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Coluna Culturistar por Márcio Assad.