Turismo em Vitória-ES: roteiro no centro histórico – Parte 2

Cássia Araujo e Souza (Professora, Historiadora. Mestra em Educação)
Sany E. A. Souza (Turismóloga. MBA Marketing, Comunicação e Eventos)

Recobradas as energias, depois de um bom lanche ou almoço, sugerimos a retomada das visitações, a partir da Praça Costa Pereira, que já foi um grande centro da vida comercial e social da capital.

Fotografia: acervo particular (Sany E. A. Souza)

PRAÇA COSTA PEREIRA
O Largo da Conceição, onde foi construída a Igreja Nossa Senhora da Conceição, foi um espaço criado a partir de aterros, uma vez que o espaço era uma praia. A princípio constituiu-se no local uma praça, popularmente conhecida como Largo do Teatro, em alusão ao Teatro Melpôneme. Em 1922 passou a ser denominada Praça da Independência.
Em 1926 o antigo largo sofreu transformações, gerando praça ajardinada. A partir da inauguração, em 23 de Maio de 1928, passou a ser chamada definitivamente pelo seu nome atual, popularizando-se como Praça Costa Pereira. Sua construção fazia parte do projeto de modernização da cidade, proposta pelo governo Florentino Avidos. Como parte
desse mesmo processo foram construídos o Teatro Carlos Gomes, o Cine Teatro Glória e a Rua Sete de Setembro, nas imediações. A área ficou conhecida como Largo do Teatro.

Obra do engenheiro Moacir Avidos e do paisagista Paulo Motta o espaço tornou-se praçaem 1926 e homenageia o abolicionista José Fernandes da Costa Pereira Junior, que presidiu a província do Espírito Santo entre 1860 e 1863.
Na praça estão expostos alguns monumentos:

  • À Mãe: obra do artista plástico Maurício Salgueiro, faz representação do útero materno, ligando mãe e filho pelo cordão umbilical;
  • Busto de Afonso Cláudio: 1º Governador republicano do Espírito Santo;
  • Busto de Costa Pereira: Presidente da província do Espírito Santo (1861-1864);
  • Busto de Muniz Freire: Governador do Espírito Santo (1892-1896 e 1900-1904);
  • Busto de Florentino Avidos: Presidente do Espírito Santo (1924-1928) e Senador (1928-1930);
  • Busto de Jerônimo Monteiro: Governador do Espírito Santo (1908-1912).
Fotografia: acervo particular (Sany E. A. Souza)

TEATRO CARLOS GOMES – Praça Costa Pereira
Atualmente é a mais antiga casa de espetáculos do Estado. Criado em 1927, o Teatro Carlos Gomes foi inspirado no Teatro Alla Scala de Milão (Itália), pelo arquiteto André Carloni, sob o governo Florentino Avidos, que projetou modernização da capital capixaba.
Seu teto é embelezado com pinturas que datam de 1923-24, de Homero Massena, mineiro erradicado no Espírito Santo.

A história do processo construtivo do Teatro Carlos Gomes se assemelha a do Teatro Scala. Ambos foram construídos para substituir casas de espetáculos que foram vitimadas por incêndio. Nas proximidades do Carlos Gomes funcionava o Teatro Melpômene (deusa da tragédia grega) que, após um incêndio foi demolido em 1895 (século XIX).

Nas obras foram aproveitadas as colunas de ferro fundido do Melpômene, que localizavase na esquina entre as ruas Sete de Setembro e Graciano Neves Com a crise do café, em 1929 o teatro foi arrendado e funcionou muito tempo como cinema, sendo retomado e restaurado, pelo governo do Estado em 1970.

Em 1983 o Teatro Carlos Gomes foi tombado pelo Conselho Estadual de Cultura e atualmente está fechado para visitações, em função de obras.

Fotografia: acervo particular (Sany E. A. Souza)

CINE TEATRO GLÓRIA – Av Jerônimo Monteiro
Também integrante do pacote construtivo de modernização da capital, o Cine teatro Glória constituiu-se na primeira edificação com mais de cinco andares em Vitória. Inaugurado em 1932 (5 anos após o Teatro Carlos Gomes), com capacidade para quase 1200 lugares, ele substituiu o Cine Eden.

A obra foi projetada pelo arquiteto Ricardo Wright, sendo sua edificação um importante marco arquitetônico. Já sediou a Bolsa do Café e outros empreendimentos comerciais, como escritórios e até hotel. Entretanto, sua principal atividade sempre voltou-se para atividades teatrais e cinematográficas.

Atualmente está sob administração do SESC (desde 2014) que o mantém como centro de atividades culturais e ainda preserva as características arquitetônicas da sua fachada original.

Fotografia: acervo particular (Sany E. A. Souza)

ESCADARIA SÃO DIOGO – Praça Costa Pereira
A mais antiga escadaria da cidade, no século XIX era uma ladeira de pedra e fazia parte de uma fortificação que foi demolida no século XIX.
Importante espaço de ligação da cidade baixa com a cidade alta, tornou-se escadaria em 1930, sob o governo de João Punaro Bley.
A princípio seguiu o desenho colonial, porém em 1942 adotou modelo eclético. Em 2019 passou por obras de restauro. É mais uma das edificações tombadas como patrimônio histórico municipal de Vitória.

Fotografia: acervo particular (Sany E. A. Souza)

IGREJA DO CARMO (Convento Nossa Senhora do Monte do Carmo)
A convite do donatário da Capitania do Espírito Santo, Francisco Gil de Araújo, a ordem dos padres carmelitas iniciou-se no estado em torno de 1675. Em 1682,os carmelitas fundaram a Igreja do Carmo, em terreno doado pela capitania.

A princípio, tratava-se de um complexo religioso que incluía o convento, a Igreja de Nossa Senhora do Monte do Carmo e a Capela da Ordem Terceira. Como fruto de obra colonial, o complexo, que inicialmente mantinha linhas barrocas, atualmente exibe estilo neogótico, em função das modificações e reformas que passou ao longo do tempo.

As instalações tiveram utilidade diversa ao longo da história. Em 1860 abrigou um Corpo da Polícia e, em 1872 o governo provincial assumiu o edifício e, além de outras funções, chegou a utilizá-lo como quartel Militar.

Voltou à administração da Igreja Católica em 1896, onde foram instaladas instituições educacionais: o Ateneu Diocesano, que foi transferido para o Convento da Penha, e o Colégio de Nossa Senhora Auxiliadora, com funcionamento no local até os anos sessenta.

Sob administração das Filhas de Caridade de São Vicente de Paulo, o convento se adaptou para as funções educacionais, a partir de 1900. A reforma de 1913, descaracterizou totalmente a fachada da edificação. A reforma de 1930, foi responsável pela demolição da capela da Ordem Terceira. A mais recente reforma ocorreu em 2017,
por obra da Mitra Arquidiocesana de Vitória.

Trata-se de uma linda edificação que mantém sua escadaria em estilo português, que foi construída em 1860.

A obra teve o privilégio de ser visitada pelo imperador D.Pedro II, que na ocasião excursionava a cavalo pelas redondezas. Em sua comitiva encontrava-se o fotógrafo francês Jean Victor Frond, autor das primeiras fotografias do Espírito Santo. O imperador elogiou a capela da Ordem Terceira, afirmando ser a mais bonita de Vitória.

Dentre as obras que podem ser apreciadas na igreja, há imagens nos altares, além de quadros da Via-Crucis. A lápide do túmulo de Dom Fernando de Souza Monteiro, falecido em 1916. Bispo do Espírito Santo e membro da Academia Espírito-Santense de Letras.

A Igreja do Carmo é patrimônio tombado pelo Conselho Estadual de Cultura, desde 1984. (Resolução nº 2/1984-Livro do Tombo Histórico: Inscr. nº 75, folhas 8v e 9).

Bem, para que as atividades não fiquem cansativas, sugerimos uma pausa e retomada no
dia seguinte. Sugerimos assim que acompanhe a Parte 3 de nossa sugestão de roteiro.

 

Como citar esse Artigo:
SOUZA, Cássia Araujo e. SOUZA, Sany E. Araujo e. Turismo em Vitória-ES: roteiro no
centro histórico – Parte 2. Disponível em: . Acesso em: https://tourbr.com.br/turismo-em-vitoria-es-roteiro-no-centro-historico-parte-2/ 

 

Referências
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https://www.morrodomoreno.com.br/materias/escadaria-sao-diogo.html. Acesso em:
03/03/23
Escadaria São Diogo. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Escadaria_de_S%C3%A3o_Diogo. 20/03/23
Sesc Glória é destaque no Centro Histórico da capital. Disponível em: https://www.vitoria.es.gov.br/noticias/sesc-gloria-e-destaque-no-centro-historico-da-capital-1
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Teatro Glória. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Teatro_Gl%C3%B3ria. Acesso em 20/02/23
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Vitória 466 anos: praças são espaços para contemplação e muita história. Disponível em: https://www.vitoria.es.gov.br/noticia/vitoria-466-anos-pracas-sao-espacos-paracontemplacao-e-muita-historia-24611. Acesso em 23/02/23
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