Trem Caiçara: uma ferrovia à moda antiga no Paraná

Trem Caiçara que circula entre os municípios de Antonina e Morretes. traz como principal atrativo do passeio a Maria Fumaça Mogul 11, que foi fabricada em 1884 e é a mais antiga locomotiva a vapor em operação regular no Brasil.
O projeto, que ajuda a fomentar o turismo na região, saiu do papel após a formalização de um protocolo de intenções entre o Governo do Estado e a empresa Rumo Logística, no ano passado, para a revitalização da ligação férrea.
Quem opera o trecho é a ABPF-PR A Associação Brasileira de Preservação Ferroviária, que conseguiu a concessão do trecho nos anos 90, a partir do projeto: Antonina Ferrovia e mar, conforme lembra o ferroviarista Márcio Assad, Diretor de Comunicação e Eventos da entidade à época e responsável direto pela elaboração e tramitação do projeto à nível estadual e federal: “foi uma grande conquista para o turismo férreo no Brasil, visto que já havíamos implantado anteriormente o memorável passeio entre o Paraná e Santa Catarina, sendo pioneiros na modalidade no país , bem como o “trem da Lapa” , o maior trajeto com trens históricos para fins turísticos da América do Sul, na época da antiga RFFSA. O Paraná merecia um passeio permanente e aí está o “Trem caiçara”, explica Assad.

O passeio com horários aos sábados e domingos, o passeio inclui um percurso de 16 quilômetros em meio à Mata Atlântica, cruzando áreas de rios e manguezais, além de propriedades rurais que margeiam a ferrovia entre os municípios.

Por causa pandemia, estão sendo tomadas todas as medidas de prevenção indicadas pelo governo e pela Organização Mundial da Saúde. As locomotivas circularão com metade da capacidade para respeitar o distanciamento social. Também não será permitido o embarque de passageiros sem máscaras.
“É uma verdadeira oportunidade para pessoas de todas as idades conhecerem e reviverem os tempos áureos da ferrovia”, diz Rodrigo Dolenga, diretor da ABPF. “As últimas excursões que transportaram turistas usando a linha foram na década de 1990, e apenas em datas comemorativas”, destaca.
“Estamos felizes em fazer parte deste momento de resgate da memória ferroviária no estado do Paraná”, diz Guilherme Penin, diretor de Regulatório e Relações Institucionais da Rumo. “Essa parceria é importante para fomentar o turismo na região, assim como já temos feito com os trens de passageiros da Serra Verde. A comunidade poderá conhecer de perto duas importantes cidades do Litoral, dando um novo significado para um trecho que ainda tem muitas boas histórias para contar”.

HISTÓRIA– O trecho que terá circulação do Trem Caiçara faz parte da Estrada de Ferro Dona Isabel, criada pelos irmãos Rebouças, engenheiros que receberam autorização em 1871 para a construção de uma ferrovia ligando o Porto de Antonina à cidade de Curitiba.
Em 1875, o marco zero da via férrea foi transferido de Antonina para Paranaguá. O histórico ramal de Antonina foi aberto pela Estrada de Ferro Paraná em 1892, como mais uma opção para o desenvolvimento das cidades no escoamento de riquezas da região.
Nesse contexto, o Trem Caiçara evoca aos turistas o ano de 1892, quando ocorreu a inauguração da ferrovia Dona Isabel – obra de grande importância para o desenvolvimento de Antonina e Morretes. À frente do passeio está uma centenária locomotiva a vapor: a Mogul de número 11, fabricada no ano de 1884 pela Baldwin Locomotive Works.
A maria-fumaça foi a primeira adquirida pela Estrada de Ferro Paraná para operar na Ferrovia Paranaguá – Curitiba, sendo utilizada até o final da década de 1950. Em 1965, em comemoração aos 80 anos da ferrovia, foi escolhida para ser preservada, devido a seu número 11, em homenagem a 11ª divisão da Rede Ferroviária Federal S/A (RFFSA).