Os por ques do Natal

25 de dezembro marca o Natal, a data mais comemorada, segundo o calendário
ocidental. O evento è mundialmente conhecido como uma festa cristã, em comemoração
ao nascimento do menino Jesus, em Belém, na atual Cisjordânia. Porém a História
evidencia que o Natal que conhecemos mescla paganismo e cristianismo em sua origem.
A tradição natalina nos traz a cada fim de ano, um bom velhinho de barbas longas,
branquinhas, muito sorridente, vestido de vermelho e que, entrando pela chaminé das
casas, deixa presentes para as crianças nas vésperas de 25 de dezembro. Ele viaja de
trenó, um veículo puxado por 8 renas, carregado de presentes, que seus ajudantes
passam produzindo o ano todo.
Em todo o mundo muitas crianças preparam suas meias, lareiras ou árvores. O bom
velhinho virá, com certeza! Para alguns, partindo do Polo Norte, para outros, da Lapônia
(extremo norte da Finlândia), não importa.
Embora esteja alicerçado em prática religiosa, hoje é mais secular, onde se celebra a
fraternidade e união dos povos. Porém, observa-se que as lendas natalnas são muito
variadas, entretanto, a história do Natal tem suas origens históricas. Vamos passear por
esse universo mágico e desvendar seus mistérios…
A grande dificuldade de arqueólogos, historiadores e outros pesquisadores é a falta de
fontes ou documentos que possam contribuir para informar precisamente as origens do
Natal. Uma infinidade de lendas e práticas culturais em todo o mundo fazem crer que as
comemorações natalinas são fruto de práticas pagãs e cristãs que se misturaram ao longo
do tempo.

Porquê o Natal é pagão?
Na verdade, também a figura do Papai Noel é de origem cultural dupla: pagã e cristã.
Para a o cristianismo ele incorpora São Nicolau, e entre o povo pagão o bom velhinho foi
inspirado em Odin, divindade da mitologia nórdica ou mesmo em wotan (mitologia
germânica).
Povos habitantes do hemisfério norte habitualmente celebravam, desde a Antiguidade, o
solstício de inverno. Trata-se de um fenômeno astronômico, marcado por noites mais
longas e dias mais curtos do ano, antes da chegada oficial do inverno.
Por ocasião do solstício de inverno, também os romanos organizavam comemorações em
adoração ao Sol Invicto, o deus sol do Império Romano (Dies Natalis Solis Invicti). Essa
comemoração foi substituída pelo culto a Mitra (deus da luz), de origem persa e que foi
incorporado pela mitologia romana.
As festividades passaram então a celebrar o nascimento dessa divindade, que tornou-se
num dos principais deuses do panteão romano. Os romanos acreditavam que as
comemorações garantiriam a fertilidade do solo, além de celebrar o sol, renascido a cada
dia.

 

 

 

Foto: Estátua de Mitra
Legenda: Estátua de Mitra, localizada em uma terma (banhos públicos) localizada em
Roma. Fonte: https://brasilescola.uol.com.br

 

 

Em suma, entre as civiizações clássicas como a grega e romana muitos deuses pagãos
eram cultuados. Na antiga Roma, por exemplo, ao menos três deuses eram cultuados
nesse período: Saturno, Apolo e Mitra.
Os povos romanos chamavam de “bárbaro” todo aquele que não fosse originário de
Roma, considerados por eles como povos primitivos, que não compartilhavam de sua
cultura, lingua e costumes. Os mais conhecidos entre os povos bárbaros são: os celtas,
os francos, godos, visigodos, hunos, lombardos, saxãos, vândalos, magiares, ´pictos,
suevos, germânicos, anglos, vikings e outros.
Entre os bárbaros, do Norte europeu cultivava-se a lenda do “velho do Inverno”, que ao
final de cada ano batia à porta das casas, em busca de abrigo e alimento. Os que
acolhiam o pedinte esperavam desfrutar de um inverno menos rigoroso no próximo ano.
Enfim, na Antiguidade as festas comemorativas do solstício de inverno e estas se
relacionavam ao calendário do ciclo solar e agrícola.
No hemisfério norte praticava-se festividades relativas à colheita e os nórdicos
celebravam Yule ou Jól. Esse evento ocorria desde 21 de dezembro, estendendo-se por
vários dias, até meados de janeiro. Nessa ocasião Odin (deus nórdico) e Wotan (deus
germânico) era responsável por entregar presentes para as pessoas.

Porquê o Natal é cristão?
Acredita-se que os primeiros cristãos aproveitaram o ensejo das festividades romanas ao
solstício de inverno e se apropriaram das comemorações, transformando as solenidades
em homenagem ao nascimento do menino Jesus.
Pela tradição cristã, Jesus Cristo, é um dos membros da santíssima Trindade, composta
por Deus, seu filho e o Espírito Santo. Sendo Jesus o Messias, filho do altíssimo. Aquele
que veio ao mundo, se fez carne e habitou entre nós, com a missão de redimir os pecados
e salvar a humanidade.
Muito embora os cristãos não tivessem a data precisa do nascimento de Jesus, as
comemorações natalinas entre eles surgiram entre os séculos II d.C. e IV d.C.,
possivelmente como instrumento de fidelização dos fieis ao cristianismo.
De acordo com a versão cristã,. aprendemos que o Papai Noel vive no Polo Norte, mas o
que poucos sabem é que sua história é originária da Ásia Menor, mais precisamente
daTurquia, onde na cidade de Mira viveu o bispo católico Nicolau Taumaturgo (entre os
séculos III d.C. e IV d.C.)
Nicolau era integrante de uma família abastada e tornou-se famoso por sua generosidade.
Muito religioso, dedicou toda a fortuna recebida, após a morte dos pais, para aliviar o
sofrimento dos mais carentes. Ele utilizou grande parte de sua herança com a prática de
distribuição de presentes entre pessoas carentes, especialmente para as crianças órfãs.
O bispo, muito bondoso, aniversariava em 6 de dezembro e costumava presentear
crianças nesse dia.
Enquanto santo católico, Nicolau é padroeiro dos pobres e dos órfãos. Atualmente muitos
cristão são devotos de São Nicolau, especialmente em lugares como Bari, cidade italiana.
O santo também é padroeiro de nações como a Grécia e a Rússia.

Porquê o nome Natal?
Os novos adeptos ao cristianismo se apropriaram das festividades pagãs de
comemoração ao solstício de inverno, que ocorriam em meados de dezembro. Como não
sabiam com precisão qual a data correta, aproveitaram a mesma ocasião para comemorar
o nascimento do menino Jesus. O termo “Natal” é de origem latina (natalis), cujo
significado é “nascer”.

Porquê justamente “Papai Noel” simboliza o Natal?
Se o Natal tem a ver as comemorações do plantio e da colheita na Antiguidade, ou, de
acordo com o cristianismo, refere-se ao nascimento de Cristo, qual a razão de Papai Noel
representar o Natal?
Há diversas teorias que explicam adoção do bom velhinho como símbolo natalino. Uma
das explicações justifica que, quando os povos de tradições germânicas e nórdicas que
já haviam adaptado suas lendas às de São Nicolau, quando se tornaram protestantes,
resolveram substituir a figura do presépio (representação católico) pela figura de Papai
Noel.
O nome Papai Noel tem origem latina. Em francês o nome Noël significa Natal. Na versão
inglesa Papai Noel é chamado de Santa Claus (adaptado de Sinter Klass, nome dado a
São Nicolau no idioma holandês.

Porquê a barba branca?

 

Foto São Nicolau
Legenda: Diz a lenda que São Nicolau ajudou um homem muito pobre, doando uma
grande soma como dote para casar suas 3 filhas, livrando-as do destino de tornarem-se
prostitutas.

 

 

São Nicolau tem sido retratado com um velhinho de barbas brancas. De igual modo, de
acordo com a tradição nórdica, Odin é representado na forma de um idoso, barbudo e
grisalho.

Porquê a entrada pela chaminé?
As crianças nórdicas costumavam esperar presentes de Odin, deixando as próprias botas
próximas às chaminés de casa. Dentro das botas colocavam feno ou cenouras para o
cavalo voador da divindade. Eles acreditavam que Odin desceria pela chaminé para
depositar os mimos.
De acordo com a cultura moderna, em substituição às botas, as crianças deixam meias
para depósito dos presentes do Papai Noel.

Porquê as cores vermelha e branca?
Durante muito tempo, depois que as lendas cristãs se misturaram com as pagãs, o bom
velhinho não usava roupa com uma cor definida, sendo o vermelho adotado em função de
uma campanha publicitária da Coca-Cola, em 1931. Porém, o artista inspirou-se em um
poema e uma imagem de revista.
O poeta Clement Clarke Moore publicou, em meados do século XIX, o poema ficou “A
Visit from Saint Nicholas” (Uma Visita de São Nicolau). O mesmo poema também é
popularmente conhecido como “Twas the Night Before Christmas” (É Véspera de Natal).
Também a figura de um senhor idoso, rechonchudo, de barba branca e roupas vermelhas,
exibida pela primeira vez numa revista norte-americana a Harpers Weekly, em 1881,
inspirou o desenhista Haddon Sundblom. Fazendo algumas adaptações, ele acrescentou
novos elementos ao bom vehinho: um saco de presentes e um gorro. Graças à essa
imagem a Coca-Cola alavancou suas vendas, a partir da imagem de um Papai Noel
moderno, bem humorado, à distribuir presentes por todo o mundo. Além de ganhar uma
nova imagem, Papai Noel ampliou muito os lucros da empresa.

 

 

 

 

Créditos da imagem: Meunierd e Shutterstock”
legenda: Uma publicidade da Coca-Cola contribuiu para a criação e consolidação da
imagem do Papai Noel que temos hoje.

 

Porquê dia 25 de dezembro?
Documento histórico, datado de 200 d.C. aborda evidências de que Clemente de
Alexandria tecia comentários acerca do dia do nascimento de Cristo. Seus escritos
apresentaram diversas opções, porém nenhuma delas incluía 25 de dezembro. Mas,
afinal, como essa data foi adotada oficialmente como Dia de Natal?
No final do século I, após a morte de Cristo, os cristãos floresceram, penetrando aos
poucos nos domínios do Império Romano. Quando o antigo Império Romano adotou o
cristianismo como religião o Estado assimilou muitas datas e festividades praticadas por
povos pagãos. Por comemorações ao deus Mitra, em 273 d.C. o imperador Aureliano
instituiu o dia 25 de dezembro como o Natalis Solis Invicti (Nascimento do Sol Invencível).
Tratava-se de culto associado à origem mitológica desse deus.
Porém, por sua conversão ao cristianismo o culto inicia ao “Nascimento do Sol Invencível”
foi substituído pelas comemorações ao nascimento de Jesus Cristo. |Especialmente a
partir da conversão do imperador Constantino (século IV) a data e os eventos foram
ressignificados. A associação de 25 de dezembro ao nascimento de Cristo saiu da esfera
romana e tornou-se um evento universal.
Desse modo, por inspiração do cristianismo, em 354 d.C. o Papa Libério oficializou 25 de
Dezembro como dia oficial de Natal, de acordo com o Cronógrafo (calendário ilustrado, de
autoria do calígrafo Fúrio Filócalo), que certamente recebeu influência de uma decisão do
papa Júlio I (337 d.C.-352 d.C).

Porquê no Polo Norte?
O Polo Norte tornou-se oficialmente a terra do Papai Noel a partir de iniciativa estratégica
da Finlândia, para estimular o turismo local. Na década de 1950, o governo finlandês
determinou a construção de uma vila na Lapônia, com o objetivo de criação oficial da casa
do bom velhinho. Para esse destino, até hoje, milhares de turistas viajam para conhecer a
casa do Papai Noel.

Porquê dos presentes?
De acordo com o pensamento cristão, os presentes simbolizam aqueles que os 3 reis
magos do Oriente, Belchior, Baltazar e Gaspar, ofertaram ao menino Jesus.
De conformidade com o paganismo, o deus nórdico Odin visitava casas e presenteava as
crianças com brinquedos e doces.
Enfim, foi fruto da associação entre as lendas nórdicas (Odin e Wotan) e do cristianismo
(São Nicolau) que nasceu a figura do Papai Noel. Resultante da cristianização iniciada a
partir do Norte eropeu, a partir do século X, o Natal representa os sistemas simbólicos de
diversas culturas e civilizações antigas.

 

Como citar esse artigo:

FONTES:
BARROS, Jussara. A origem dos presentes de Natal. Disponível em:
https://brasilescola.uol.com.br/natal/a-origem-dos-presentes-natal.htm. Acesso em
9/dez/2022
FATOS Curiosos da História | De onde surgiu Papai Noel? Disponível em:
https://www.brasildefato.com.br/2016/12/22/fatos-curiosos-da-historia-or-de-onde-surgiupapai-noel. Acesso em 11/dez/2022
FERNANDES, Cláudio. 25 de dezembro, dia de natal. Disponível em:
https://brasilescola.uol.com.br/datas-comemorativas/dia-de-natal.htm. Acesso em
20/dez/2022
NEVES, Daniel. História do Papai Noel. História do Natal. Disponíveis em:
https://brasilescola.uol.com.br. Acesso em 15/dez/202

 

 

Cássia Araújo e Souza, Historiadora

Sany E. A. Souza, Turismóloga